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Genmaicha – Os encantos do chá-pipoca

O chá-pipoca não é exactamente o que podem imaginar, mas o nome já vos deixa bem-dispostos, não é? O chá em si, bebendo, é também um tónico revigorante e ao mesmo tempo calmante, mas isso não tem nada a ver com pipocas. O que é afinal?

O nome deste chá é “Genmaicha”, mas é conhecido por muitos nomes: chá de arroz, chá castanho ou até chá-pipoca. Na prática, trata-se de uma mistura de folhas de chá verde com grãos de arroz integral que foram tufados (como pipocas) e torrados (em conjunto com as folhas de chá ou à parte). Consoante o tipo de arroz usado, e também a estirpe do chá (Sencha ou Bancha), as combinações são muitas e variadas. Quanto maior a percentagem do arroz mais suave é o chá, isto é, em relação ao teor de teína. A adição do arroz servia inicialmente para tornar o preço por grama mais barato também, já que as folhas de chá são um produto muito mais nobre e caro do que o arroz.

Contudo, como a necessidade aguça o engenho, este tipo de chá não deixa de ter também um encanto especial, nomeadamente ao combinar sabores e intensidades, o lado refrescante e revigorante do chá surge no palato entre os tons mais densos e maturados do cereal. Assim, este chá pode complementar outro tipo de refeições, a todas as horas do dia e mesmo ao serão. Para quem não tolera bem os efeitos da teína, uma chávena de Genmaicha pode ser uma boa alternativa ao chá verde habitual.

O processo de infusão do Genmaicha é em tudo igual à do chá verde mas o resultado é uma bebida de tom amarelo. Pode formar-se um pequeno depósito de partículas no fundo do bule, ou da chávena, resultante da desagregação dos grãos de arroz quando incham com a absorção da água. Esses grãos, inicialmente claros e desidratados, adquirem uma distinta coloração castanha e aumentam de volume, o que levou ao nome “chá castanho”.

Tradicionalmente, pelo menos desde o início da Era Meiji (final do século XIX), o chá verde usado no Genmaicha era do tipo “Bancha”. Quando o chá é cultivado há pelo menos duas épocas de colheita. A primeira colheita produz folhas com maior concentração de propriedades nutritivas, sabores mais subtis e faseados, e o chá que daí se produz transmite mais fielmente as características do clima ou do terreno. A segunda colheira – “Bancha” – permite fazer uma bebida mais robusta, mas por outro lado é também o chá “de todos os dias”. Tomar uma taça de Bansha transmite a segurança daquilo que é previsível e seguro, reconfortante e despretensioso.

Inês Carvalho Matos
Um Longo Verão no Japã0

(à venda na Kuri Kuri)

Hashioki – história do descanso para pauzinhos

Os pauzinhos, ou “hashi”, são indispensáveis no dia a dia japonês. Há pauzinhos mais compridos e fortes para cozinhar, entre muitos outros.

 

Os pauzinhos, ou “hashi”, são indispensáveis no dia a dia japonês. Há pauzinhos mais compridos e fortes para cozinhar, e pauzinhos mais bonitos e coloridos para comer à mesa. Nos restaurantes de renome há por vezes até pauzinhos encomendados a especialistas, autênticas obras de arte. Nas bancas de comida rápida e cantinas há pauzinhos de bambu simples que se “partem” no topo para separar (fazendo notar que são de uso único). Mas, sem “hashioki”, como se poderia usar o “hashi”? É que os pauzinhos nunca se poisam directamente na mesa! Devem estar apoiados numa pequena peça, de modo que a ponta – que toca os alimentos – se mantenha higienizada. É deste humilde “descanso” que vamos falar, pois apesar de ser pequeno tem grande história e pode dar um significado profundo à refeição.

Por volta do século 5º a.C. os pauzinhos começaram a ser usados pela corte e nobreza no Japão, inicialmente como uma prática cultural importada da China. O Império do Meio deu origem a muitas das práticas culturais nipónicas, sendo a principal referência para o que era a “Civilização”. Com o passar do tempo, outras camadas da população adoptaram também essas práticas. As escavações arqueológicas realizadas perto de Nara, na zona da primeira capital imperial, revelaram que tanto os “hashi” como os “hashioki” eram já de uso comum, e que eram fabricados com muito cuidado e detalhe, através das mesmas técnicas de impermeabilização com laca que também eram aplicadas a taças e copos. Portanto, sabemos de fonte segura que no século 7º d.C se usava laca – o que exige um investimento substancial de dinheiro, tempo e perícia – para criar peças que se destinavam a ser usadas múltiplas vezes, em contexto de alimentação, e que deveria ser já uma produção muito expressiva.

A ideia de que os “hashi” devem ter as suas pontas apoiadas em algo deriva naturalmente de uma observação empírica a respeito da correlação entre a higiene alimentar, a saúde e a doença. Mas não podemos excluir também o aspecto simbólico e os valores de pureza e impureza que estão profundamente enraizados no shintoísmo. Os rituais shinto, praticados em honra dos “kami”, exigiam já de longa data que os pauzinhos nunca se conspurcassem. Portanto, se eram usados para manusear as oferendas para os espíritos divinos, não poderiam tocar objectos impuros. Os materiais dos primeiros “hashioki” seriam madeira de certas árvores (como por exemplo a cerejeira), cerâmica com cobertura de laca, ou marfim.

Quando se estabeleceu no Japão o sistema dos domínios feudais, no Período dos Reinos Combatentes, e com a crescente complexificação da pirâmide social, passou a ser produzida loiça, roupa e muitas outras utilidades domésticas com o “mon” (brasão) de cada um dos “daimyou” (senhor feudal). Este alto representante do poder, praticamente um rei nos seus domínios, só poderia usar objectos especificamente criados para si, tal era a sua superioridade. Os objectos com o “mon”, com decoração alusiva aos valores específicos de cada “daimyou” ou com temas próprios de cada território, passaram a ser a norma, pelo que os “hashioki” se tornaram a base perfeita para uma mini-representação desse género. No período seguinte, conhecido como Edo, e que corresponde ao longo domínio do Shogunato Tokugawa, os “hashioki” tornaram-se absolutamente centrais na etiqueta das refeições e no diálogo subtil de valores estéticos e sociais. Um descanso de pauzinhos poderia sugerir um sentimento, uma memória ou uma ideia através da sua figuração, cor ou forma. Em conjunto com a apreciação dos arranjos florais (ikebana), da caligrafia pendurada na parede e da própria comida, todo um diálogo silencioso é formado, passando mensagens entre o anfitrião e os convivas, ou entre o chefe de família e os convidados. A necessidade de ter disponível o “hashioki” ideal para cada situação e o facto de serem tão pequenos que se tornavam fáceis de arrumar e manter, levou a que fossem comprados vários exemplares por lar, e mesmo por vezes à criação de pequenas colecções. Consequentemente, no período Edo, os estilos diversificaram-se e evoluíram muito significativamente, incluindo com a introdução de novos materiais.

Contudo, foi depois da transição para o século XX que realmente se deu um acentuado acréscimo na produção de “hashioki”, coincidindo com a inauguração das primeiras “depaato” (“Department Store”). Estas grandes superfícies, templos de consumismo, eram novidade absoluta no Japão, mas geraram um frenesim e foram rapidamente integradas na perspectiva de modernidade e progresso que o povo japonês ansiava alcançar rapidamente. O acto de comprar, e especialmente de possuir algo que se pode mostrar a outrem (um convidado que visita a casa, um familiar, etc), agora facilitado pelo preço acessível dos produtos produzidos de modo massificado, veio a conjugar-se com a sede por símbolos do bom-gosto e do requinte, historicamente ligados às práticas das classes governantes.

Cada um dos pequenos apoios para pauzinhos que usamos hoje carrega esta longa história e é um símbolo dos valores cultuais do Japão, mesmo quando os materiais são apenas a cerâmica ou o vidro, e mesmo numa época em que personagens de animação ou animaizinhos queridos são mais populares do que as ancestrais representações da sazonalidade. Acima de tudo, para quem usa os “hashioki” hoje, é uma questão de acrescentar beleza e sentido prático, um “dois em um”, simultaneamente conveniente e que enriquece a alma com a experiência estética.

 

Inês Carvalho Matos

 

Manekineko – O Gato da Sorte Japonês

Desde o Período Edo que o manekineko é considerado o gato da sorte japonês. Venha descobrir o seu significado, origem, curiosidades e onde o encontrar. 

É um dos símbolos japoneses mais reconhecidos em todo o mundo, o gatinho com a pata levantada. Mas será que todos sabem o que ele simboliza e o diferente significado que as suas cores acarretam?

Neko é a palavra japonesa para gato, maneki poderá ser traduzido como boa sorte, ou boa fortuna. Assim, de forma literal, este gato é o símbolo da sorte na cultura nipónica.

A sua origem remonta ao Período Edo, entre os séculos XVII e XIX, altura em que os gatos eram animais de estimação muito caros e, por isso, posse de muito poucos. Segundo uma das principais lendas um sacerdote de um templo em Tóquio, possuía um gato e com ele dividia o seu dia-a-dia.

Num dia de tempestade um samurai abrigou-se debaixo de uma árvore do templo e avistou o gato, que lhe acenava. O samurai seguiu o gato e, imediatamente após deixar a árvore um raio atinge-a, destruindo-a. Emocionado, começou a venerar o gato, construindo o Templo Gotokuji e recompensou o sacerdote. Na altura do falecimento do gato, foi, segundo a lenda, erigida uma estátua em sua honra, imagem que perdura até nós.

Manikineko - O Gato da Sorte Japonês | Kuri Kuri

Manikineko – O Gato da Sorte Japonês

Na maior parte dos casos o manekineko é feito em cerâmica e pintado à mão, sendo contudo possível encontrá-lo em inúmeros formatos e suportes desde amuletos, impresso em roupa, acessórios de moda ou peluches. Devido ao seu simbolismo é muitas vezes colocado em estabelecimentos comerciais e negócios vários. 

Um dos erros comuns fora do Japão, sobretudo no Ocidente, é julgar que o gato está a acenar quando na realidade chama para atrair a atenção, com a pata faz um gesto de convite a entrar e não o comum “dizer adeus” europeu. De um modo genérico, a pata esquerda levantada é uma forma para atrair clientes, enquanto a direita atrai dinheiro.

E por falarmos nas patas do gato da sorte, e porque a sua origem é japonesa e a atenção ao detalhe é permanente, se tiver a patinha direita levantada simboliza também fortuna e sorte, a esquerda atrai clientes. Menos comum, são as duas patas levantadas, será a sorte a dobrar.   

De entre as cores mais comuns de encontrar o manekineko destacam-se a cor branca, que simboliza sorte, o dourado, que atrai prosperidade, o preto e o vermelho, que protegem das doenças, o cor-de-rosa simboliza sucesso no amor e nos negócios ou o verde, sucesso nos estudos. 

Alguns gatos da sorte seguram um koban, que é uma moeda de ouro do Período Edo. O koban vale apenas um ryo, e o koban do manekineko representa dez milhões de ryo, sendo assim uma moeda fictícia usada com o propósito de evocar fortuna e riqueza. 

Sendo uma peça requintada, pode ser usada na decoração de uma loja ou casa, sendo geralmente no Japão colocada na entrada. 

Uma grande selecção de manekineko em cerâmica, de diferentes tamanhos e cores, pode ser encontrada na loja japonesa Kuri Kuri.

Furoshiki – a arte japonesa de embrulhar com tecidos

Furoshiki é uma técnica tradicional de embrulho japonês recorrendo apenas a tecido, é muito utilizado para embalar presentes e transportar diversos objectos.  

A primeira vez que usei furoshiki espontâneo no meu dia-a-dia foi simplesmente para transportar algumas frutas frescas que comprei numa mercearia. Estava a passear na baixa da minha cidade, num dia solarengo de Outono, e aproveitei uma promoção de maçãs. Usei a minha écharpe florida, com muita naturalidade, porque sabia que poderia fazer um cómodo e eficiente saco de compras com aquele pedaço de tecido. O lojista sorriu, um pouco surpreendido, mas essencialmente contente, e até disse “isso ainda é melhor que os sacos de pano”. Não podia estar mais de acordo! 

O furoshiki contemporâneo não tem limites, não se fica por copiar receituários de nós e dobras do período Edo, nem tão pouco se resume às funções de embrulhar presentes ou fazer fardos de carga para levar às costas durante uma longa viagem. Mas, para perceber os princípios que se mantêm na base desta prática, é indispensável conhecer a sua história e modelos. Como em qualquer arte, o jazz vem depois do clássico, podemos desviar-nos criativamente apenas depois de atingir a essência e dominar o cânone. 

Algures no período Nara (710 – 784), quando se desenvolveu a corte imperial japonesa, os pertences dos imperadores e dos restantes membros da corte começaram a ser cuidadosamente embrulhados em panos para os proteger do pó, insectos e humidade. Tendo o Japão um clima de extremos, e especialmente muito quente e húmido no Verão, os papéis e tecidos eram particularmente vulneráveis a danos.

Os próprios kimonos eram frequentemente guarnecidos de especiarias e unguentos (a maior parte deles caríssimos, já que eram importados da Índia) para os preservar das traças e para mascarar os odores humanos. Panos avulsos, fossem eles tecidos para o efeito ou o resultado do desmantelamento de túnicas e vestes, eram por sua vez usados como “coberta” de itens mais preciosos. Com rebordos fortes, para resistir a nós, mas com padrões delicados, para não descurar a impressão sensível da beleza, os primeiros furoshiki terão sido provavelmente embrulhos de escrituras ligadas aos cultos budistas.

Furoshiki – a arte japonesa de embrulhar com tecidos | Kuri Kuri

Contudo, em poucas décadas, a prática espalhou-se até às coisas mais mundanas, como por exemplo embrulhar as roupas de uma pessoa enquanto esta está, desnuda, a desfrutar das termas. Aliás, foi a sua banalização como tal que acabou por lhe cunhar o nome: “furo” virá de “ofuro” (o banho de imersão) e “shiki” de “coisa que se espalha/abre/desdobra”. 

No Japão antigo não existia muito o hábito de fazer costura, com agulha e linha, nem tão pouco “pacotes” de formatos rígidos. O pano simples é perfeito para este sistema de pensamento, já que um mesmo pano pode servir para embrulhar algo longo e fino ou redondo e bojudo, uma pilha de livros ou um fardo de roupas, uma melancia ou os materiais de caligrafia.

O furoshiki é simultaneamente o objecto, a prática, o sistema, e o receituário de “dobras”. É, portanto, uma espécie de versão do origami aplicado à necessidade prática de criar embrulhos, sacolas, pacotes ou fardos. Tal como o origami, que não requer o corte do papel, a colagem, ou acessórios, o furoshiki  japonês tradicional também não requer costuras, pegas ou alças. A textura e padrão do tecido, bem como o modo como os nós são posicionados e empolados quase como laços, é decoração suficiente. E, ao segurá-lo em mãos, há um sentido de preciosidade do seu conteúdo, uma dignidade do que é protegido com tanto cuidado. 

O manuseio do furoshiki é feito depois de se ter depositado nele o conteúdo que vai envolver, as dobras e nós são feitos sobre o seu recheio, pelo que a energia de quem criou o furoshiki, o seu movimento activo, envolve os itens em questão. O acto é diametralmente oposto a depositar um artigo num saco ou atirá-lo para uma caixa, e essa ênfase na energia do movimento executado com um propósito é transversal tanto às artes marciais como à dança das gueixas, transparece desde a coreografia da cerimónia do chá até ao modo moderno de dobrar roupas da Mari Kondo. 

Para realizar um furoshiki eficiente é preciso desenvolver um sentido empírico de “proporção”, uma noção espacial do volume do que se quer embrulhar e a sua correspondência quanto ao tamanho do pano. O pano é quase sempre quadrado (ou levemente rectangular, como a minha écharpe) e, depois de feitas as dobras e nós, não deve ser “demais”.

O furoshiki não deve parecer excessivo (com tecido a mais) nem repuxado (com nós que quase rebentam), não deve ser feito com tecidos elásticos ou com padrões inapropriados ao bom gosto do resultado final (com letras, rostos, paisagens ou figuração óbvia). Tal como na simplicidade do chão de tatami, menos é mais. Um pano de algodão, rígido o suficiente para o atrito segurar os nós e flexível o suficiente para a dobragem ser fácil, é o melhor. Um padrão leve, geométrico, ou um padrão abstracto, multicolorido, serão ideais.

Muitas vezes os panos usados têm dupla face, com um lado decorado e outro de cor plana, para que as dobras ponham a outra face a descoberto, num jogo sofisticado de esconder/revelar. 

Algumas das preocupações mais prementes do mundo contemporâneo trazem de novo à tona as potencialidades do furoshiki, nomeadamente a sua apetência para a ecologia. O pano, que já de si pode ser fruto de um reaproveitamento (podem fazer furoshiki de lençóis velhos, almofadas datadas, etc), é também quase eternamente reciclável.

Quem recebe, após desembrulhar, fica com mais um exemplar, e por seu lado, nas nossas lides quotidianas, vamos entregando os que já passaram pelas mãos. O furoshiki circula, e por isso se uma determinada comunidade o usa recorrentemente há sempre o hábito e o recurso disponível. Podemos fazer uma mochila furoshiki com um pano quadrado grande e uma tira de tecido (ou uma toalha estreita e longa, como as que se usam nas termas japonesas) e levar assim a toalha de praia e uns refrescos na próxima vez que formos desfrutar de um belo dia de Verão. Os sacos de plástico já eram obsoletos, mas na verdade, com furoshiki, todos são.

Kimono Feminino e Masculino – A Arte de Usar um Kimono

Desde sempre peça intemporal e de renome internacional, o kimono é a imagem de marca da cultura japonesa há mais de dois mil anos. Usado tanto por mulheres, homens como por crianças, esta peça tem na sua essência primordial uma enorme versatilidade. Quanto ao significado, a sua etimologia remete para “ki”, vestir, e “mono”, coisa, aquilo que se veste, portanto.

 O modelo do kimono que chegou até nós surgiu no Período Heian, no início do século VIII, anteriormente os japoneses usavam duas peças, a parte de cima e a de baixo, mas a partir deste período o modo de vestir japonês foi simplificado, passando-se a usar um método de corte em linhas simples e rectas, com apenas uma única peça que bem serviria a todos os tipos de corpos e alturas.

Actualmente, os japoneses usam kimono em eventos especiais, como em festivais, casamentos, funerais ou cerimónias relevantes e não como peça do dia-a-dia. Na sua versão mais informal, designa-se por yukata, sempre sem forro, uma peça mais leve em algodão e, por isso, mais usada na época balnear. 

Kimono Feminino - Kuri Kuri Shop

Kimono Feminino e Masculino

Actualmente e um pouco por todo o mundo, o kimono é cada vez mais sinónimo de elegância, requinte e saber vestir. Usado tanto por homens como por mulheres, é presença constante e assídua nas passarelas mundiais. A peça funciona bem em qualquer tipo de corpo e compõe de forma correcta qualquer indumentária, seja mais casual ou formal.

O kimono é usado dependendo da ocasião e respeitam uma hierarquia. Dos diferentes tipos de kimono que existem destacam-se:

  • Kurotomesode, kimono preto com profusa decoração e com cinco escudos de família, kamons, impressos ou bordados em branco, é usado formalmente pelas mulheres casadas;
  • Furisode, kimono cujas mangas possuem mais de 70cm de comprimento, usado pelas mulheres solteiras;
  • Irotomesode, é a versão menos formal do Kurotomesode, liso, de uma só cor, também usado por mulheres casadas;
  • Iromuji, kimono de uma só cor, muito elegante para um uso mais comum, que pode ter textura mas sem decoração em outra cor, usado principalmente nas Cerimônias do Chá;
  • Haori, a versão mais curta, usada como um casaco e normalmente associados à burguesia japonesa. Para além destes podemos ainda encontrar kimonos desportivos, de judo e karate, por exemplo.

 De entre os acessórios mais comuns associados a um kimono destacam-se o famoso Obi, a faixa cinto, que deve ser sempre apertado atrás, de forma a respeitar a tradição e costumes, as tabi, as meias tradicionais japonesas de um dedo, as sandálias zori, de madeira ou palha de arroz, e kanzashi, os acessórios florais usados para enfeitar e decorar o cabelo.

Todos os Kimono Femininos à venda na loja japonesa Kuri Kuri Shop.

O que fazer na quarentena? O Japão, tão longe e tão perto

Em tempos de pandemia e o inerente, mas tão atípico, distanciamento social, o nosso dia-a-dia está a ser redefinido. Encontram-se novas formas de validar o tempo, de ocupar os filhos, de realizar a tão difícil gestão dos recursos, sobretudo para quem viu os seus drasticamente reduzidos. Por isso, deixamos aqui dicas e sugestões, sem qualquer custo, relacionadas com a cultura japonesa.

Uma das opções que tem ao seu dispor é visitar a partir do seu computador ou telemóvel, o inigualável Museu Tokyo National Museum (東京国立博物), o mais antigo de todo o Japão, e admirar virtualmente as suas mais de 100 000 obras. Outros museus que poderá visitar são o Museu Nacional de Natureza e Ciência, de Arte Moderna ou o Museu Miraikan  da Ciência Emergente e Inovação.

Dos Museus saltamos para a cinematografia. Disponível gratuitamente online encontrará toda a obra dos grandes clássicos nipónicos e os seus maiores nomes, desde Yasujiro Ozu (Tokyo Story, An Autumn Afternoon, Tokyo Twilight) a Akira Kurosawa (Yume, Rashômon, High And Low) ou Kenji Mizoguchi (Street of Shame, The Life Of Oharu, Ugetsu).

https://www.youtube.com/watch?v=9ewcc_dATJc

Quanto a literatura, deixamos a recomendação de leitura de “O Romance de Genji”, também possível de ser encontrado gratuitamente online, uma epopeia clássica escrita por Murasaki Shikibu. Marquerite Yourcenar não hesitou em dizer que “não se escreveu nada de melhor em nenhuma literatura”. E opiniões semelhantes foram expressas por grandes escritores como Jorge Luis Borges, W. B. Yeats e Harold Bloom. O Nobel japonês Yasunari Kawabata afirmou mesmo: “O Romance do Genji é o cume da literatura japonesa. Até hoje ainda não apareceu nenhuma obra de ficção que se lhe compare”.

E, se gostar de cozinhar, porque não experimentar receitas de culinária japonesa, com os ingredientes que já tem em casa? Experimente fazer a Omurice, a tradicional omelete japonesa com arroz ou então Onigiri, uma das receitas japonesas mais fáceis, o bolinho de arroz e que poderá rechear com o que desejar.